Cientista social e escoteiro, Rodrigo Prando reflete sobre ser escoteiro ao longo de sua vida e durante a pandemia da Covid-19

Qual o impacto que o Movimento Escoteiro pode proporcionar na vida de uma pessoa? Rodrigo Augusto Prando, cientista político e escoteiro, fez um relato sobre a importância do Escotismo ao longo de sua trajetória e também neste momento de isolamento social. Confira:

Não faz muito, estava aqui, pensando no distante ano de 1989, quando fiz minha Promessa Escoteira. Rememorei, ainda, a Lei Escoteira. Estamos, todos, tendo que sorrir nas dificuldades e, principalmente, devemos nos manter alertas para o cuidado pessoal e do próximo. Nossa vida cotidiana foi suspensa por uma pandemia, pela Covid-19. O distanciamento social tem sido a forma de evitar mais contágios e de preservar vidas.

Do menino de 11 anos, em 1989, para o homem de 42 anos, em 2020, há um bocado de tempo. Contudo, não seria quem sou, hoje, sem o Movimento Escoteiro. Profissionalmente, como professor universitário e pesquisador; na família, como marido e pai; nas relações de amizade; e, muito importante, como cidadão em nossa sociedade, o Escotismo foi essencial. Dizem os psicólogos que os indivíduos têm, em maior ou menor grau, um conjunto de repertórios que lhes permitem enfrentar as situações adversas; já os administradores enfatizam as competências, habilidades e atitudes que podemos aprender e desenvolver.

E não é justamente isso que o escotismo nos proporciona: um aprendizado para a vida e para a vida em sociedade? A primeira refeição que cozinhei foi um menu simples: arroz, carne moída e salada de tomate com cenoura ralada – tudo numa fogueira! Depois, ao conquistar minha “segunda classe”* (entre 11 e 14 anos), iniciei com as especialidades: cozinheiro, primeiros socorros, combatente do fogo, atleta, estafeta, colecionador, leitor, enfim, foram tantas e, sempre, com o dedicado auxílio de meus escotistas. E os desafios na Tropa Sênior (15 a 17 anos)? Antes dos acampamentos e bivaques eu mal conseguia dormir de tanta ansiedade, arrumava e revisava a mochila inúmeras vezes para não esquecer nada!

Por fim, enquanto membro juvenil, cheguei ao Ramo Pioneiro (18 a 21 anos).         Encontrei uma verdadeira família, que tenho o privilégio de ter presente em minha vida. As noites frias em São Carlos, em nossa sede de campo, fazendo a vigília, discutindo a mística medieval e os valores éticos tão necessários à nossa sociedade. Naquele momento também encontrei minha vocação nas Ciências Sociais e, por isso, fui um pioneiro empolgado em entender nossa realidade social e, na medida do possível, transformá-la, mesmo que fosse no meu microambiente.

Como adulto voluntário, assumindo o Método Educativo como norteador de minhas ações, fui assistente de tropa escoteira, chefe de seção e diretor técnico de meu grupo, além das atividades relacionadas à Rede de Jovens Líderes e algumas funções na Região Escoteira de São Paulo.

Não me resta a menor dúvida de que o professor, sociólogo e analista político que sou tem a forte presença do Escotismo nas formas de sentir, pensar e agir no mundo. Emociona-me a lembrança de minha trajetória no Escotismo e a possibilidade de vivenciar, no dia a dia, a Promessa e Lei Escoteira.

A pandemia que ora presenciamos nos colocou em nossas casas e, mais do que em qualquer outro momento, nosso aprendizado escoteiro faz-se presente: brincando, cantando e jogando com nossos filhos; cozinhando e cuidando da casa; mantendo o bom humor nas dificuldades; amando nossos familiares e amigos e comprometendo-nos com o próximo, evitando o egoísmo e fortalecendo os laços de solidariedade. Estar sempre alerta para fazer o melhor possível e servir fez, faz e fará sempre a diferença. Obrigado B-P, obrigado chefe Anchieta e obrigado mestres Libanio e Tânia, lá do Grupo Escoteiro São Carlos 251/SP.

*Nível de progressão pessoal correspondente à “travessia” no Ramo Escoteiro atualmente.

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